
PRA QUEM QUER SABER UM POUCO DO "NOSSO" PAGANISMO, AI VAI "AULINHA" DO TIO ARTHUR:
Carta enviada ao Mogi News[Sobre matéria relacionada à Bruxaria (Revista Comemorativa ao Aniversário da Cidade, 1º de Setembro de 2005)]
Viviane,
bom dia.
Antes de qualquer coisa, gostaria de parabenizar a equipe do jornal Mogi News pela revista em comemoração ao aniversário da cidade, que cumpriu a missão de informar aos mogianos sobre a diversidade em nossa cidade.No entanto, na qualidade de Sacerdote Pagão (Bruxaria Tradicional), gostaria de fazer algumas ressalvas em relação a matéria “Religião”, mais precisamente no tocante à Wicca (Bruxaria Moderna), nos dias de hoje, tão “mal difundida” principalmente aos jovens que a buscam como opção religiosa.
Tenho profundo respeito ao trabalho desenvolvido pela Wiccana Solange, porém a matéria possui alguns equívocos, os quais exporei abaixo:Os Covens (ou Conventículos) não necessariamente precisam ser formados por, no mínimo, 13 integrantes. Isso é variável conforme a Tradição e, no caso da matéria, a religião acabou sendo limitada ao panteão egípcio. Engano. A Wicca possui infindas tradições, como, por exemplo a Alexandrina e Gardneriana (a mais conhecida, pois foi através de Gerald Gardner que a Bruxaria tomou novo fôlego nos anos 50, quando a última lei anti-bruxaria caiu). Ambas misturam elementos e divindades de diversas origens, com foco voltado ao panteão celta e não egípcio. Há também a Tradição Strega (Bruxaria Italiana), o Helenismo (grega), Druidismo (Celta), Asatru (nórdica), Bruxaria Cerimonial (advinda da Magia Cerimonial, aí sim trabalhando os panteões egípcios), Picta (escocesa), Caledônia (ou Hecatina), Seax, Teutônica, Diânica, Inglesa, enfim, uma série de tradições, cada qual com seu sistema religioso, e trabalhando as energias das divindades dualistas as quais fazem parte. Na Wicca, existe sim o chamado Ecletismo, onde grupos “experimentam” diversos panteões (grego, egípcio, celta, inclusive o panteão brasileiro, originário dos nossos índios, os primeiros pagãos do nosso país).
Em tempo, o termo “pagão” (que é utilizado por todos os bruxos, tradicionais ou modernos (Wiccanos), vem do latim “paganus” que significa simplesmente “homem do campo”. Nada parecido com o que o cristianismo diz sobre pagão ser uma pessoa não-batizada em uma das vertentes cristãs. Cabe lembrar que o paganismo é pré-cristão, sendo uma parcela de pagãos convertidos ao cristianismo e a outra parcela optante por “esconder” sua religião sob a sombra cristã, adaptando seus instrumentos mágicos em instrumentos domésticos (o punhal cerimonial virou faca de cozinha, o caldeirão panela, o bastão disfarçado em vassoura, etc).Quando a matéria cita no que um “feiticeiro” crê, a grande maioria está correta. Porém, a crença em “anjos” é algo suspeito na Bruxaria em si, já que estes são provenientes da cultura judaico-cristã e não pagã
Em relação à frase “temos o poder de manipular a natureza”, isso acaba se tornando uma faca de dois gumes, principalmente aos “neófitos” ou curiosos em relação ao paganismo. A palavra Wicca é, provavelmente, uma derivação do termo Wice, que significa “dobrar, torcer, girar” a natureza em favor do manipulador. Isso não significa, em hipótese alguma, que o Wiccano tenha o poder de fazer chover, nevar, cair raios, etc...do contrário, evitariam catástrofes naturais, ou seja, o que os Wiccanos dos Estados Unidos estão fazendo que não impediram o furacão Katrina de destruir Nova Orleans?
É preciso muito cuidado com a utilização de alguns termos em relação ao Paganismo, seja ela Bruxaria Tradicional ou Moderna.
Assim como respeitamos a diversidade religiosa, é preciso que o acesso a informações sobre as doutrinas pagãs sejam levadas às pessoas de forma mais esclarecedora, evitando que sejamos ainda mais pré-conceituados.Coloco-me à disposição para eventuais esclarecimentos.
Atenciosamente,
Arthur Netto
Sacerdote da Confraria de GaiaMogi das Cruzes
Um comentário:
Sempre nos ensinando esse menino!!!!
Que bom né Lu? E sempre nos ensinará...
Postar um comentário